Não vejo um quadro de surto psicótico no caso do SD PM Wesley Soares, dirigiu aproximadamente 250 km até Salvador, estava com discurso orientado, escolheu um local de ampla visibilidade, não direcionava aleatoriamente seu protesto. Aparenta, ao meu ver, um quadro de nervosismo, agitação e inquietação, que podem estar correlacionado a uma possível Síndrome de Burnout.
Inúmeros Profissionais da segurança pública tem passado por isso em todo o Brasil, bem como quadros de Transtorno de adaptação, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e outros quadros ansiosos.
Entendo que as pessoas costumam negar suas fragilidades e as instituições precisam urgentemente ampliar o acompanhamento em saúde mental, pois as guerras, revoluções e pandemias, tem esse efeito de desorganização mental coletiva e individual.
Indo além, estamos numa dualidade intensa política, e, parafraseando digo:” na briga da onda do mar e a rocha, quem sempre perde é o siri!”.
Por fim, é muito mais fácil dizer: “ minha cabeça dói!” Ao invés de dizer: “ meu coração está em Pedaços!”
Negamos amplamente a necessidade de acompanhamento em saúde mental, infelizmente só lembramos disso frente a tragédias, aí fica sempre mais fácil falar:
– “Estava louco e perdeu o juízo!
– “Era um fanático!!”
Obs: A minha opinião não refere-se a uma questão de visão política partidária, apenas um alertas sobre a urgência na ampliação do Acompanhamento em Saúde Mental no Brasil!”
Aqui não estou tratando das decisões tomadas pela PM-BA, pois não está no local para entender quais decisões deveriam ser tomadas, tão pouco sou especialista em gerenciamento de crise. Trate-se de um questionamento de um profissional que lida na área, para refletirmos sobre a saúde mental, quer seja no ambiente coletivo ou individual.
Um questionamento: qual última vez que você procurou um profissional em saúde mental ?!
Texto do psicólogo ilheense Gustavo Pestana.
